quinta-feira, 18 de março de 2010

Doentes enviados para casa por questões de poupança

À primeira vista parece uma notícia chocante mas será esta medida tão descabida assim? Um dos grandes responsáveis, senão o maior responsável, pela derrapagem do Orçamento de Estado todos os anos é o sector da Saúde. E ao contrário do que se possa pensar, não é pelo facto de haver pouco dinheiro na Saúde que se verificam este tipo de situações. As contas indicam que quanto mais dinheiro é atribuído ao sector da Saúde (aumentando sempre de ano para ano) mais dinheiro se gasta, mais despesa se tem, o que significa que não é o facto de se aumentar ao Orçamento que o Serviço Nacional de Saúde irá passar a ser mais eficiente e apresentar menos reclamações deste tipo. O Estado faz o que pode, e tanto faz que quando se está em ano de eleições então é que o rombo se faz sentir com maior veemência.

"A Saúde não tem preço" certamente... mas se não houver recursos não pode haver tratamentos. Atravessamos uma fase de recursos limitados, e por mais que nos custe, se tivermos dois filhos e apenas tivermos um alimento que apenas dê para alimentar um deles, dá-lo-emos ao mais magro pois o gordo ainda tem calorias para queimar. Se apenas temos recursos que impliquem uma escolha entre dar uma morte digna a um doente terminal e tentar salvar alguém com grandes chances de ter uma vida normal, inevitavelmente que iremos usar os recursos para tentar salvar quem ainda tem alguma esperança...

Como podemos melhorar esta situação? Muito simples... Diariamente as urgências estão entupidas com casos "verdes" e até mesmo "azuis". As pessoas recorrem ao serviço de urgência com uma dor na perna que poderia aguardar um dia para se poder ser visto num centro de saúde. Cada ida às urgências tem um custo, tempo de consulta do médico, exames complementares de diagnóstico, tratamento administrado (para não falar do tempo perdido pelo doente à espera pelo atendimento), etc. Este custo VAI SER CONTABILIZADO na despesa anual de saúde. Não acham que poderão ver a dor da perna num centro de saúde onde o gasto em saúde é bem menor que numa urgência, onde irão possibilitar um atendimento muito mais rápido aos doentes efectivamente urgentes e irão evitar contrair doenças nosocomiais (provocadas pelas bactérias hospitalares)?

Pensem que por cada exame/consulta desnecessário(a) estão a retirar recursos a quem realmente precisa, lembrem-se que poderão estar a tirar o alimento ao magro...

Apostar na prevenção NÃO É algo desnecessário. Um tratamento sai sempre mais caro que um exame de diagnóstico preventivo. Antes de terem alguma doença (sentirem os seus sintomas), detectem-na atempadamente e pouparão imensos recursos numa terapêutica tardia (e por vezes pouco eficaz) bem mais cara que o exame que a poderia detectar e tratar quase sem custo. Desta forma, usando racionalmente os recursos disponíveis iremos evitar futuramente notícias do tipo: "Doentes enviados para casa por questões de poupança"...

2 comentários:

Anónimo disse...

Alguem teve atento as aulas do profesor lugarinho... Muito bem espinha...

ticha

Espinha disse...

lol só prova que tudo o que digo é devidamente fundamentado :p