quinta-feira, 11 de março de 2010

Apresentação

Olá a todos! O meu nome é Filipe Oliveira, tenho 25 anos e sou Técnico de Análises Clínicas. Carrego carinhosamente o apelido Espinha desde o longínquo 5º ano de escolaridade e, uma vez que tal me assenta como uma luva, nunca fiz questão de desapontar quem fez a questão de me tornar autêntico com tal alcunha.


Desde cedo tive predisposição para a área da Saúde, de novito que lia bastante sobre as doenças e achava piada aos termos difíceis que apareciam nesses livros e procurava saber o que significavam. Quando fosse grande queria ser médico claro está. Mas logo aí o pequeno rectângulo começou a criar o primeiro grande obstáculo no meu processo de socialização secundária, ser médico é um pequeno privilégio apenas para quem consegue ter a modesta média de 18,8 valores.


Entretanto, a par do gosto pela Saúde, tive o meu primeiro computador. Adquirido para fazer trabalhos da escola, utilizado maioritariamente para jogar... lá tinha a segurança de ir mexendo nele e fazer as asneiras à vontade, pois apesar de não ter curso algum de informática, quem mo instalou garantiu-me a segurança de que, caso eu fizesse alguma asneira, ele estaria disponível para o arranjar de novo. Com essa segurança dei asas a uma das minhas melhores qualidades: a aprendizagem auto-didacta!


O meu primeiro clique,
o meu primeiro texto,
o meu primeiro documento,
a minha primeira instalação de software... a minha primeira avaria!

"Bolas... e se eu tentar por isto como estava? Pior não deve ficar mas se ficar pior o Luís vem cá e ajeita-me isto... BOA! Consegui!" a minha primeira reparação...

a minha primeira parametrização,
a minha primeira percepção que "epah o que eu preciso mesmo é de um gravador de cds para gravar os trabalhos da escola. Oh Luis, comprei uma drive de CDs não me podes vir cá montar?
- Não me dá muito jeito, para a semana eu vejo-te isso.
- isto também não deve ser muito difícil... deixa cá ver o livrinho..." a minha primeira instalação de hardware!

a minha primeira limpeza do pó interior,

a minha primeira curiosidade sobre para que servia aquele botãozinho da voltagem da fonte de alimentação...

a minha primeira explosão informática....

esta avaria não era nada difícil de detectar a causa... fonte de alimentação nova! vou instala-la sozinho, se precisar de ajuda peço ao Luis...

a minha segunda reparação...

a minha primeira rede doméstica...

hoje em dia o Luis é contabilista e é ele que me pede ajuda quando tem um problema informático mais complexo... Como diz um ditado chinês: "Se alguém te pedir peixe, não lhe dês peixe, ensina-o a pescar!"

Já no final do ensino secundário com a média bastante longe do pretendido 18,5 (desde essa altura que tenho um problema grave de ser sub-avaliado na escola, o que sei não se reflecte nos exames que faço) acabei por baixar um pouco a fasquia e tentar fisioterapia... Fisioterapia, Biologia, Eng. Química em última opção... Desisti de engenharia logo ao fim do 1º semestre... Melhoria no 12º ano... nova candidatura, Fisioterapia, análises clínicas (não tenho média para isto mas a média do curso é alta deve ser bom curso...) Radiologia, Cardiopneumologia... "Olha... a média de Análises Clínicas baixou imenso fui o último colocado com os meus 15,5!)
Acabei por entrar no, segundo a regente, curso dos indecisos onde quem não sabe bem o que quer acaba por lá chegar mas que acaba por sair ao final do 1º ano; quem permanece fica com um conhecimento bastante abrangente que lhe concede uma vasta polivalência! Com um percurso académico atribulado, tenho formação superior num curso que na minha infância nada me dizia, tinha medo de ir tirar sangue aliás, mas que o segui por ser "da área da Saúde" onde o emprego é garantido... Que grande mentira! Segundo grande obstáculo deste rectangulozinho, os técnicos de diagnóstico e terapêutica, no qual se insere o grupo dos técnicos de análises clínicas (ou BioAnalistas segundo as novas designações) não possuem nenhuma Ordem (à semelhança dos nossos colegas Enfermeiros, Médicos e Farmacêuticos) e somos considerados técnicos de segunda, apesar de possuirmos 4 anos de licenciatura, equiparados a técnicos profissionais de 12º ano. Há os Médicos, os Técnicos Superiores (Farmacêuticos, Biólogos) e os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica... Ironicamente espelhando o que me aconteceu à porta da faculdade no momento de candidatura em que ou era Médico ou baixava a fasquia para ser um profissional de saúde de segunda... "Estudassem mais para serem farmacêuticos" dizem alguns "Técnicos Superiores". Com sorte no meu ano a média de entrada registou valores anormalmente baixos, noutros anos a média de Análises Clínicas chegou a superar a barreira dos 18 valores...

a minha primeira ligação à internet...

e abriram-se-me as portas ao universo da informação... são várias as minhas áreas de interesse neste momento, que vão desde a Gestão industrial à Economia, passando pelo Empreendedorismo e Oportunidades de Negócio; com a mesma satisfação que outrora tive a aprender informática, mas com a certeza que agora o meu processo de aprendizagem auto-didacta é bem mais maduro e que tenho muita atenção aos possíveis "interruptores de voltagem" que me possam surgir...

É gritante a falta de sentido crítico desta sociedade que se contenta e se deixa contaminar com frases feitas, publicidade enganosa em massa e com o que vê apenas na comunicação social. Não existe a preocupação, salvo as excepções claro, em adquirir informação através de todos os meios existentes e de fontes fidedignas, contentando-se com o boato e com o dito por não dito.
Entristece-me em ver que as pessoas apenas se mobilizam em situação de tragédia (que não deixa de ser louvável), ou quando já é bastante tarde (como a necessidade de existir o actual PEC), deixando que o outro faça primeiro antes de fazer também, pois se o outro fizer não pode ficar atrás...


Em jeito de conclusão, sou apenas mais um jovem com grande potencial, com a vantagem de possuir um curso polivalente (brincadeira), à semelhança de tantos outros recém-licenciados com falta de oportunidades, vitimado pela actual crise. Mas a crise que mais me preocupa não é a económica, é a crise de valores que esta sociedade teima em não querer ultrapassar.

3 comentários:

Pedro Fonseca disse...

Excelente apresentação. Começaste em beleza ;)

Espinha disse...

Obrigado :)

Diana disse...

Vá, para te deixar feliz tenho uma tentativa:
http://emtiana.blogspot.com/