quarta-feira, 26 de maio de 2010

Para quando a legalização do casamento a 3?

Desde semana passada que passou a ser permitido o casamento homossexual em Portugal. Cavaco Silva invocou a sua "ética de responsabilidade" e promolgou contra os seus princípios uma lei que não poderia ser mais adiada uma vez que o país atravessa uma grave crise financeira. Este governo já nos habituou a tentar aprovar leis enquanto algo maior preocupa ou distrai os portugueses. Para desviar as atenções do caso Freeport, eis que José Sócrates tenta implementar o casamento homossexual para que as atenções se desviem de si mesmo para um tema polémico. O mesmo governo que nos impõe as medidas de austeridade enquanto decorre a visita papal e na semana em que o Benfica é campeão aproveitando a euforia do momento para nos dar mais uma facadinha de mansinho. O que a meu ver não é digno é usar o argumento da crise como forma de promolgar uma lei que a meu ver mais de metade da população portuguesa não veria aprovada caso fosse a votação por referendo. É certo que os governantes são eleitos para fazerem as leis, mas há leis que devem ser sujeitas a votação pelos portugueses antes de serem aprovadas, nos casos mais polémicos. É óbvio que a polémica seguinte será a adopção e que o casamento apenas seria um ponto de partida para essa reivindicação, ao contrário do que os homossexuais falsamente declaravam que apenas queriam o casamento. Se o motivo é a discriminação, para quando é a legalização de casamentos entre 3 pessoas? Por que deverão ser elas discriminadas quando duas pessoas do mesmo sexo já podem casar? E por que discriminar todos aqueles que desejem oficializar uma relação e obter benefícios fiscais com os seus animais de estimação? São irracionais e tal, serão, mas também não podem ter filhos naturalmente tal como os homossexuais, por que discriminá-los também?

Não estou de todo contra a homossexualidade, bem pelo contrário, cada indivíduo é livre de efectuar as suas escolhas desde que não afecte a liberdade de terceiros; se há duas pessoas dispostas a partilhar essa opção não vejo a razão para estar contra. O que não acho correcto é que todas as opções sejam tratadas de igual forma uma vez que, quer queiramos quer não, se trata de uma opção anti-natura, nunca poderão constituir família de uma forma natural. Existe a diferença, como tal terão que existir diferenças nos contratos sociais.

A adopção, a meu ver, será um retrocesso na sociedade tal como a conhecemos hoje em dia. Será preferível atribuir um lar homossexual a uma criança para que não esteja numa instituição de acolhimento? Será viável trocar um trauma por outro ainda maior? Não é uma questão de mudar toda a sociedade para que crianças "filhas" de homossexuais não sejam inferiorizadas pelos seus pares na escola, pois acredito que por muito que a sociedade evolua, a diferença será sempre apontada por estar inerente à natureza humana. Uma criança "filha" de duas mulheres necessitará de um pai/mãe para ultrapassar o complexo de electra (édipo no caso dos meninos) e necessitará do mesmo pai quando os seus pares estiverem a dizer que possuem o melhor pai do mundo, pois nesse mesmo dia irá questionar as suas duas mães o motivo de não terem um pai, tal como as orfãs traumatizadas o questionam...

13 comentários:

Pedro Fonseca disse...

Primeiro deixa-me dizer que o caso freeport é, ele mesmo, um "desvio" do que realmente interessa, "uma vez que o país atravessa uma grave crise financeira".

"O que a meu ver não é digno é usar o argumento da crise como forma de promolgar uma lei que a meu ver mais de metade da população portuguesa não veria aprovada caso fosse a votação por referendo".
Isso é normal, uma vez que mais de metade da população é conservadora e/ou está mal informada...

"há leis que devem ser sujeitas a votação pelos portugueses antes de serem aprovadas, nos casos mais polémicos."
Primeiro, o que é polémico? O orçamento de estado não é polémico? O PEC não é polémico?

"Se o motivo é a discriminação, para quando é a legalização de casamentos entre 3 pessoas?"
Porque o casamento é "o vínculo estabelecido entre duas pessoas"

"E por que discriminar todos aqueles que desejem oficializar uma relação e obter benefícios fiscais com os seus animais de estimação?"
A mesma resposta de cima ;)

Espinha disse...

"Isso é normal, uma vez que mais de metade da população é conservadora e/ou está mal informada..."
Bem, seria de bom senso quem não está devidamente informado não deveria exercer direito de voto, precisamente para não enviesar a decisão. Mas informação não significa necessariamente um voto a favor da lei. Vemos o caso da legalização do aborto, em que eu também estou a favor, e vemos que agora o aborto se tornou num risco de saúde pública usado como método contraceptivo, ou o caso da legalização das drogas em que o número de toxicodependentes em tratamento disparou em flecha. Estar informado na altura da legalização destas matérias seria motivo para um voto negativo.

Primeiro, o que é polémico? O orçamento de estado não é polémico? O PEC não é polémico?
Concordo com a chamada de atenção para o polémico, sim os exemplos apresentados são polémicos. A meu ver são decisões que são necessárias. A legalização do casamento homossexual será igualmente necessária como a aprovação de um orçamento de estado? Não me parece.

Porque o casamento é "o vínculo estabelecido entre duas pessoas"
Precisamente! Se a definição foi alterada uma vez, por que não alterá-la de novo para 'vínculo estabelecido entre duas ou mais pessoas' ou até mesmo 'vínculo estabelecido entre dois ou mais seres'? Não os estaremos a discriminar? Não estaremos a ser conservadores no aspecto do número 2?

Espinha disse...

Se me permites completar o comentário acima, uma decisão económica é o exemplo típico de uma decisão que deve ser tomada por alguém que é eleito, alguém que é especialista em economia e que foi escolhido por todos para tomar decisões económicas durante determinado período de tempo. Uma decisão como a legalização do aborto, uso de drogas e/ou casamento homossexual está muito além de uma simples decisão de alguém eleito para ditar leis; esbarra de frente com os valores éticos (ao contrário da economia pura e crua) e que a meu ver ninguém tem o estatuto ou a responsabilidade de tomar essa decisão sozinho, nem mesmo um grupo restrito de pessoas eleitas para tomar decisões de especialidade. Essa é a principal razão de eu defender os referendos em decisões "polémicas" mas de domínio ético. Agora se me perguntares se concordo com a realização do referendo sobre a regionalização... Já penso que é uma matéria de domínio específico e não deveria ter sido sujeita a escrutínio público.

Pedro Fonseca disse...

"seria de bom senso quem não está devidamente informado não deveria exercer direito de voto, precisamente para não enviesar a decisão."

O problema é que o devidamente informado é muito subjectivo...

"o aborto se tornou num risco de saúde pública usado como método contraceptivo"

Não sei em que exemplos te baseias para dizer isso mas parece-me disparate. Primeiro, quem pensa isso, não faz ideia o que uma mãe sofre ao abortar. Para além de ser traumático psicologicamente, não sei se sabes mas fazer um aborto não é a mesma coisa que tomar um medicamento. É uma operação bastante custosa...
Depois, o aconselhamento e a avaliação médica, não permite que tal aconteça.

"legalização das drogas em que o número de toxicodependentes em tratamento disparou em flecha."

Isso é negativo? Preferes que eles morram sem incomodar ninguém? lol

"A legalização do casamento homossexual será igualmente necessária como a aprovação de um orçamento de estado? Não me parece.

O orçamento de Estado tinha muito mais razões para ser posto em referendo uma vez que mexe com a vida de toda a gente! O casamento homossexual não.

"Se a definição foi alterada uma vez..."

Mas quando é que a definição foi alterada??

Pedro Fonseca disse...

"Uma decisão como a legalização do aborto, uso de drogas e/ou casamento homossexual está muito além de uma simples decisão de alguém eleito para ditar leis; esbarra de frente com os valores éticos"

Se fores a ver tudo esbarra de frente com os valores éticos. Devemos fazer um orçamento de estado a pensar na evolução da economia tornado os fortes mais fortes para depois pegar nos pequenos e fazê-los crescer? Ou será que é melhor desde logo apostar nos pequenos e construir uma economia mais sólida com o contributo de todos? Isto parece-me uma questão ética também...
Portanto a economia não é "pura e dura" :P

Penso que é preciso ser-se especialista para decidir qualquer coisa. As pessoas no parlamento foram eleitas por todos nós para poderem decidir seja o que for, pois todos juntos são especialistas em todas as matérias.

Espinha disse...

O facto do aborto ser legalizado permite uma maior segurança no caso do método contraceptivo não funcionar, ou mesmo não se usar método algum. Já foi referido várias vezes para ser disparate o facto de se ter tornado caso de saúde pública. O facto de ser traumatizante para algumas mulheres não implica se-lo para todas, até por que algumas estão-se nas tintas e o aconselhamento médico não é suficiente como nunca foi no caso do tabaco por exemplo.

Quanto ao orçamento vs casamento homossexual, um conjunto de economistas asseguram a especialidade (não querendo dizer que asseguram uma boa decisão económica), já um conjunto de ministros não asseguram uma especialidade na decisão de um problema (mais) ético (que um orçamento de estado). É necessária a opinião de todos os especialistas das várias áreas e esse é o objectivo do referendo, a votação de todos em todas as especialidades.

O problema da legalização da droga não é o facto de eu não querer que eles morram sozinhos... é precisamente essa a consequência de todas as despenalizações, não é proibido começa-se a fazer mais vezes... A despenalização é uma forma de incentivo. O que quero dizer é que se não fosse despenalizado o consumo, permaneceria a clandestinidade, é um facto, mas certamente em menor número.

Espinha disse...

O problema é que o devidamente informado é muito subjectivo...

E quem te garante que os nossos eleitos são devidamente informados para assegurar essa decisão? ;)

Pedro Fonseca disse...

"o aconselhamento médico não é suficiente como nunca foi no caso do tabaco por exemplo.

Acho que esta comparação nem sequer é comparação. Como é que é possível comparar uma coisa com a outra?

"A despenalização é uma forma de incentivo."

Nunca ouviste dizer que o fruto proibido é o mais apetecido? :P
O propósito da despenalização é que os toxicodependentes comecem a ter pelo menos condições para diminuir a mortalidade nesta franja da nossa população.

"E quem te garante que os nossos eleitos são devidamente informados para assegurar essa decisão?"

Ninguém me garante. Mas pelo menos esses foram eleitos e supostamente têm mais condições para decidir que a população em geral.

Navyseal disse...

Andaste a faltar às aulas de bioética? Sendo da área que atestas ser, nem sequer devias pronunciar-te sobre a homossexualidade como algo "contra-natura" só te fica mal. Só faltava mesmo dizer que é uma doença. Em relação às crianças traças um filme que é contrariado pelos estudos realizados nos EUA.
Que sejas conservador isso é problema teu e só a ti te diz respeito, mas não deves envergar a camisola de clínico e usar os teus preconceitos pessoais, guarda isso para fora do âmbito clínico, ou seja mantém uma atitude serena e baseada em provas factuais neste tipo de blogs ou então cria um que só diga respeito a ti e não com um titulo generalista que diz respeito a um conjunto de pessoas.

Espinha disse...

A julgar pela forma informal com que me coment"aste" só me pode"s" conhecer pessoalmente.. brincalhão(ona)!

Mas se me permites repetir a mensagem introdutória ao meu blog:

Com a polivalência característica de um bioanalista, procurarei neste espaço expressar o meu ponto de vista acerca de vários assuntos que, a mim, me pareçam pertinentes e oportunos de serem abordados. É meu objectivo esmiuçar este pequeno rectângulo à beira-mar plantado convidando toda a gente a participar e a contribuir com a sua opinião. Sintam-se também BioAnalistas, sejam ou não cientistas, todos nós somos analistas da vida!

Enquanto não houver um estudo que indique qual o cromossoma que expressa a homossexualidade só consigo explicar a homossexualidade como comportamento desviante e "anti-natura" sem desrespeitar eticamente quem quer que seja. Não considero doença pelo facto de tal se tratar uma opção comportamental como qualquer outra nem considero comportamento criminoso (se me permites) pois tal não afecta a liberdade de terceiros. Não envergo nenhuma camisola neste blog, apesar de possuir formação clínica, este blog é meramente pessoal e aberto a todos para uma discussão pertinente acerca dos assuntos por mim abordados. Por que não me dás a conhecer esses estudos norte-americanos para reformular o meu ponto de vista?

Navyseal disse...

Portanto a tua lógica é "enquanto não houver uma forma alternativa de discriminação cientifica, vou usar o paradigma conservador". Se fosse a ti começava a ler algo mais sobre antropologia e história das civilizações antigas.
Mais uma vez vestes a camisola do clínico para usar uma opinião pessoal o que é errado deontologicamente, pena que não haja uma ordem ou já terias sido admoestado.
Não é por mal, mas é preciso ter tacto e saber diferenciar o que é a opinião pessoal do que é a opinião de quando se enverga a camisola.

Espinha disse...

E não é essa a lógica do conhecimento científico? Não sei qual é a tua especialidade nem a "camisola" que vestes, mas segundo a antropologia que invocas, todo o conhecimento não científico assenta numa base (dogma) tomada como certa. Cabe à ciência desfazer os dogmas formulando teses e comprovando cientificamente que tal acontece. É óbvio que irei formular as minhas opiniões com base nos conhecimentos que possuo, não estou a representar classe de espécie alguma, apenas eu próprio. Uma ordem não é nenhuma ditadura que acaba com a liberdade de expressão dos seus licenciados; quanto à ética profissional é punível todo o comportamento que afecte a integridade de terceiros prejudicando-o quer de ponto de vista moral, físico e/ou económico pelo que a minha opinião não se enquadra em nenhuma das acima citadas.

Relativamente ao comentário em si, revela-se vago, impertinente e meramente um ataque ad hominem e pelo que vi noutros foruns, já não é novo fazeres outro tipo de ataques.

Ao afirmar que considero a homossexualidade um comportamento desviante "anti-natura" não estou a chamar "anormal" a ninguém, muito menos assumir uma doença. O que refiro é que a espécie é perpectuada através de um relacionamento heterossexual, naturalmente falando, sendo uma inseminação artificial um método "anti-natura" espero que seja melhor compreendido com esta explicação.

Já revelar os resultados de análises de algum homossexual, seria uma violação clara à ética profissional pelo que a Ordem, a existir, já me poderia admoestar... O que é um cenário muito improvável pois no que se refere a representar a "camisola" faço-o dignamente assim como quando não a represento.

Espinha disse...

Ainda quanto ao "saber diferenciar o que é a opinião pessoal do que é a opinião de quando se enverga a camisola" nunca poderia alertar as pessoas que fumar mata na mesma linha de raciocínio... Um fumador tem a liberdade de fumar e a minha opinião pessoal é que não deveria fumar logo uso a base de conhecimento que possuo para lhe explicar que fumar efectivamente faz mal à saúde...

"Eu até te dizia que faz mal, mas seria estar a usar a camisola dos bioanalistas nos meus argumentos e não posso..."