segunda-feira, 29 de março de 2010

Greve dos enfermeiros

Mais uma vez, a classe dos enfermeiros convoca uma greve (de 4 dias) principalmente por questões salariais, apesar de já ter sido acordado um aumento salarial na ordem dos 20% até 2013! Os enfermeiros alegam que são os únicos licenciados que ganham 900 euros uma vez que as restantes licenciaturas auferem de rendimentos no valor de 1200 euros mensais. A meu ver, a greve é um direito que assiste a todos, mas não se estarão a esquecer dos técnicos de diagnóstico e terapêutica que, além de ainda não ter sido revista a carreira, auferem dos mesmos 900 euros ou até bastante menos e continuam a trabalhar em condições bastante precárias? Os mesmos que nem sequer têm acordo de aumento salarial seja para que ano fôr... Seria de bom senso a classe enfermeira lembrar-se um pouco dos seus "colegas" técnicos antes de partirem para nova greve ou então seria igualmente de bom senso que a classe técnica partisse para uma greve conjunta com os enfermeiros nem que fosse para conseguir o mesmo acordo dos 20% em 2013...

TDT Online

Para todos os Técnicos de Análises Clínicas, Bioanalistas, Analístas Clínicos e técnicos de diagnóstico e terapêutica em geral ( TDT não é somente televisão digital terrestre) não deixem de consultar o fórum TDT Online para obterem as mais recentes notícias sobre as Tecnologias da Saúde.

Nunca é demais divulgar!

sábado, 27 de março de 2010

Barack Obama perde popularidade

A crise de valores não se faz sentir somente em Portugal. Desta vez, o alvo é o presidente norte-americano Barack Obama que se encontra debaixo de fogo por ter aprovado a polémica reforma de saúde no passado Domingo. É curioso o facto de que cá pela Europa, o Sistema Nacional de Saúde é tido como um modelo a seguir para assegurar a saúde das classes mais baixas. O inexistente Sistema Americano era substituído por seguros de trabalho que na grande maioria dos casos, pouco mais servia para assegurar a saúde dentária dos americanos. É certo também que o actual Sistema Nacional de Saúde Português se continuar como está vai conduzir o país à falência pois acumula défices brutais de ano para ano mas esses défices são precisamente por tentar que todos tenham acesso universal e equitativo aos cuidados de saúde. Ainda me recordo do filme do Denzal Washington John Q em que um modesto norte-americano se barrica num hospital e sequestra todos os que lá estavam dentro para que pudessem salvar o seu filho pois o seu seguro de saúde não cobria a sua doença. Esta ficção é uma realidade nos EU e foi preciso um socialista Obama implementar tal gloriosa medida. O mesmo socialista que é sensível à matéria do aquecimento global... Como podem os americanos serem tão cegos ao ponto de não entenderem que tal medida os irá beneficiar?

A maior parte da riqueza americana concentra-se nuns escassos 5% de toda a população e os restantes 95% não se manifestam pois vivem na ilusão do "Sonho Americano", tal como os animais que perseguem a cenoura inalcançável, também estes esperam tornar-se ricos e beneficiar do sistema de regalias dos ricos tal e qual como está. Barack Obama é um visionário que está a implementar medidas socialistas o quanto antes, para evitar que todo o sistema financeiro entre em colapso e o fosso entre a classe alta e baixa (pois não há média) seja hiperbólico. A população americana, como qualquer outra tem que se convencer que ou os ricos começam a distribuir riqueza ou o dinheiro irá tender todo para o mesmo lado, quem é rico deterá todo o capital, quem é pobre deixará de trabalhar e terão que ser os ricos a começar a plantar as suas batatas pois nunca mais terão os pobres a trabalhar para si... (para não falar na onda de criminalidade crescente como já se verifica em Portugal). Venham mais Barack Obamas para liderar as nações...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Negociata do ensino

Hoje, ingenuamente, fiquei a saber que para trabalhar na minha área já não basta ser "de borla" ainda temos que pagar! E não, não estou a falar das despesas de combustível e alimentação, estou a falar num seguro de trabalho no valor de 400euros! Alguém me arranje palavras para descrever o ponto ao que o país chegou em que é preciso pagar para trabalhar! Não deveria ser o contrário? Nós trabalhamos para ganhar dinheiro não é? Então para que é que os nossos pais andam a gastar dinheiro em cursos que temos que pagar para trabalhar nessa área? Quem é o responsável por toda esta situação?

A resposta a meu ver é bastante simples: o ensino privado!

A área das tecnologias da saúde atravessou um período em que o técnico era um sujeito raro, mal se formava um técnico este era imediatamente absorvido pelo mercado. Quando se deu a inflexão da situação a escola pública tratou de fechar temporariamente as suas portas para não saturar o mercado e foi aqui que surgiu a oportunidade ao ensino privado de colmatar a brecha deixada pelo público. Só que desta vez, ao contrário do ensino público que libertava anualmente 30 técnicos de Análises Clínicas por ano, CADA escola do ensino privado libertava 60 ou mais! Facto este que é o grande responsável pela actual situação do mercado de trabalho na área da Saúde (nao só nas análises clínicas). Hoje em dia temos a sair para o desemprego 600 novos técnicos por ano sem que ninguém coloque travão a esta situação. Estes abutres do negócio pouco ou nada se interessam se os seus alunos tenham colocação no mercado de trabalho desde que os pais (ricos?) paguem a mensalidade na ordem do valor anual de propina do ensino público ou quase! Culpados somos todos nós que nos deixamos cegar por esta negociata do ensino e continuamos a permitir que a situação se agrave ainda mais. "Não há média para o público vamos para o privado" o grande problema é que há já gente a mais e já não é uma questão de vocação, é uma questão de espaço!

Há dias ouvi o Pedro Abrunhosa a dizer que esta geração é a geração dos 1000euros. Os "poucos" felizardos que acabam a licenciatura e são colocados na sua área ganham (e contentam-se com)1000euros. Os poucos audases que têm a capacidade de se deslocar para o estrangeiro e descobrem, tristemente, o país onde estavam mergulhados, ganham entre 2000 e 3500eur e jamais voltam...

E nós? Continuamos vendados sujeitos ao poder de quem o tem...

terça-feira, 23 de março de 2010

Susan Boyle receberá 4,4 milhões de euros

A história remonta ao célebre 11 de Abril de 2009, quando uma mulher de 48 anos que nunca tinha sequer beijado alguém aparece no palco de um concurso, muito semelhante aos "Ídolos", no Reino Unido chamado "British got talent". A pobre figura é alvo de troça e risadas quando revela que o seu maior sonho seria tornar-se cantora profissional e aspirava ser tão bem sucedida como Elaine Page. Mas num ápice o sarcasmo transformou-se numa enorme lição de moral para todos os presentes; Susan Boyle cantou I Dreamed a Dream e todos se renderam ao seu encanto. A crítica arrasou-a, esteve para desistir do concurso a uma semana da grande final, mas Susan Boyle aguentou-se firme e esteve presente na finalíssima. Apesar de se contentar apenas com o 2º lugar no concurso, a sua popularidade foi além fronteiras e viu finalmente realizado o seu sonho, gravou o seu 1º album tornando-se assim cantora profissional...


A sua preserverança deu frutos e no seu próximo aniversário onde completará 49 anos de vida, receberá um cheque no valor de 4,4 milhões de euros pelas vendas do seu "sonho"!


Este exemplo mostra-nos que vale a pena sermos humildes, e que vale a pena continuarmos a investir nos nossos sonhos; mesmo que nos pareça que temos uma concorrência desleal num mundo cheio de corrupção e ganância, a humildade e as boas intenções acabarão sempre por ser recompensadas.

"Não julgue um livro pela capa sem antes ler o seu conteúdo..."

quinta-feira, 18 de março de 2010

Doentes enviados para casa por questões de poupança

À primeira vista parece uma notícia chocante mas será esta medida tão descabida assim? Um dos grandes responsáveis, senão o maior responsável, pela derrapagem do Orçamento de Estado todos os anos é o sector da Saúde. E ao contrário do que se possa pensar, não é pelo facto de haver pouco dinheiro na Saúde que se verificam este tipo de situações. As contas indicam que quanto mais dinheiro é atribuído ao sector da Saúde (aumentando sempre de ano para ano) mais dinheiro se gasta, mais despesa se tem, o que significa que não é o facto de se aumentar ao Orçamento que o Serviço Nacional de Saúde irá passar a ser mais eficiente e apresentar menos reclamações deste tipo. O Estado faz o que pode, e tanto faz que quando se está em ano de eleições então é que o rombo se faz sentir com maior veemência.

"A Saúde não tem preço" certamente... mas se não houver recursos não pode haver tratamentos. Atravessamos uma fase de recursos limitados, e por mais que nos custe, se tivermos dois filhos e apenas tivermos um alimento que apenas dê para alimentar um deles, dá-lo-emos ao mais magro pois o gordo ainda tem calorias para queimar. Se apenas temos recursos que impliquem uma escolha entre dar uma morte digna a um doente terminal e tentar salvar alguém com grandes chances de ter uma vida normal, inevitavelmente que iremos usar os recursos para tentar salvar quem ainda tem alguma esperança...

Como podemos melhorar esta situação? Muito simples... Diariamente as urgências estão entupidas com casos "verdes" e até mesmo "azuis". As pessoas recorrem ao serviço de urgência com uma dor na perna que poderia aguardar um dia para se poder ser visto num centro de saúde. Cada ida às urgências tem um custo, tempo de consulta do médico, exames complementares de diagnóstico, tratamento administrado (para não falar do tempo perdido pelo doente à espera pelo atendimento), etc. Este custo VAI SER CONTABILIZADO na despesa anual de saúde. Não acham que poderão ver a dor da perna num centro de saúde onde o gasto em saúde é bem menor que numa urgência, onde irão possibilitar um atendimento muito mais rápido aos doentes efectivamente urgentes e irão evitar contrair doenças nosocomiais (provocadas pelas bactérias hospitalares)?

Pensem que por cada exame/consulta desnecessário(a) estão a retirar recursos a quem realmente precisa, lembrem-se que poderão estar a tirar o alimento ao magro...

Apostar na prevenção NÃO É algo desnecessário. Um tratamento sai sempre mais caro que um exame de diagnóstico preventivo. Antes de terem alguma doença (sentirem os seus sintomas), detectem-na atempadamente e pouparão imensos recursos numa terapêutica tardia (e por vezes pouco eficaz) bem mais cara que o exame que a poderia detectar e tratar quase sem custo. Desta forma, usando racionalmente os recursos disponíveis iremos evitar futuramente notícias do tipo: "Doentes enviados para casa por questões de poupança"...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Vírus no MSN Messenger

Para todos os utilizadores do serviço MSN messenger que possuam vírus ou simplesmente queiram verificar que não têm vírus usem a ferramenta da Linha Defensiva aqui disponibilizada. Chama-se Bankerfix e como o próprio nome indica permite a correcção de bankers. "O BankerFix é uma vacina contra worms e cavalos de tróia que roubam senhas de banco, Paypal, Orkut e MSN. Estas pestes são brasileiras e seu principal alvo são os internautas brasileiros, o que torna infecções por Bankers, como são chamadas estas pragas, comuns." Cá por Portugal, também existem estas pragas principalmente porque nos chateiam constantemente enquanto utilizamos o messenger... Corram-no duas vezes para garantir que de facto se livram de tudo. É 100% eficaz! Para outros assuntos não deixem de ler o site da Linha Defensiva.

PS: não cliquem em links enviados pelos vossos contactos sem confirmar primeiro que foram eles que de facto vos enviaram! Principalmente se o texto for abrasileirado...

terça-feira, 16 de março de 2010

Antibióticos

Na passada sexta-feira, foi exibido um interessante documentário na RTP2 sobre o antibiótico. Descoberto por acaso, o antibiótico criou a ilusão de que a humanidade iria finalmente levar uma vida sem doenças (pelo menos as infecciosas dada a falta de conhecimento genético da altura) e até mesmo viver num ambiente completamente livre de micróbios. Na altura, tal descoberta revolucionou a Medicina, foi de facto possível tratar doenças que até então não possuíam uma terapêutica eficaz e que conduziam irremediavelmente à morte. A natureza competitiva do humano levou a que este se descuidasse um pouco relativamente ao propósito com que o antibiótico foi criado, tratar doenças, fazendo com que se "esbanjasse" a descoberta noutras aplicações, como por exemplo ter-se verificado que os animais de quinta engordavam mais facilmente se tomassem antibióticos. Então foi usado como "engorda" e foi lançado em vários ecossistemas de forma a que o mundo estivesse livre de possíveis focos de doença... Os hábitos de higiene foram inclusivé quase postos de parte, uma vez que vivendo num ambiente limpo já não havia a necessidade de nos lavarmos e mesmo que se ficasse doente, o antibiótico resolvia o problema. Porém, o "micróbio" que já levava uns largos milhões de anos de existência, que assistiu à ascenção e queda do dinossauro, não estava disposto a perder a guerra declarada ferozmente pelo humano e o excesso de antibióticos foi, até, um trunfo para a sua evolução e aumento da sua patogenicidade.

Com a evolução dos conhecimentos genéticos, sabe-se agora que as bactérias ao se multiplicarem estão sujeitas a mutações no seu código genético. Então num meio rico em antibiótico a probabilidade de mutações aumenta consideravelmente. Estas mutações estão também presentes nos seres humanos como infelizmente sabemos, mutações estas que aumentam a sua frequência quando somos expostos a algo que somos susceptíveis (como por exemplo uma radiação nuclear); mas mesmo sem qualquer tipo de mutação todas as pessoas são diferentes (excepto os gémeos "verdadeiros") dada a variabilidade genética da população. Numa qualquer doença de origem bacteriana, o indivíduo afectado possui largos milhões de bactérias pelo que, como se imagina, podem existir diferentes bactérias (ainda que da mesma espécie) precisamente por haver variabilidade genética entre elas também; umas maiores, umas mais fortes, outras mais resistentes... Num meio rico em antibiótico, antibiótico este que seja o eficaz na eliminação de determinada estirpe bacteriana, a eliminação de bactérias é massiva e o ideal é que seja uma eliminação a 100%. Porém dada a sua variabilidade genética, a velocidade exponencial com que elas se multiplicam aliadas ao aumento de mutações precisamente por estas estarem sujeitas ao tal factor a que são susceptíveis, faz com que a probabilidade de surgir uma aberração na espécie aumente, e quando inicialmente tínhamos um grupo de bactérias que não possuíam resistência ao antibiótico eis que surge, numa ou mais mutações simultâneas entre os milhões de bactérias, um ou vários exemplares mutados que adquiriram resistência ao antibiótico. Estas bactérias resistentes vão-se multiplicar com a mesma facilidade que as outras com a vantagem (desvantagem para o hospedeiro) de serem resistentes ao antibiótico que dizimou a "família" com um sentimento enorme de vingança.

Quando se verifica que determinada espécie de bactérias é resistente a um grupo de antibióticos que inicialmente era sensível, parte-se para outro grupo de antibióticos diferentes dos primeiros mas com a mesma capacidade terapêutica. O problema é que cada vez mais as bactérias adquirem resistências a um, dois, três e até mesmo todos os grupos de antibióticos existentes devido à sua má utilização quer por serem usados quando não se devia quer por serem mal tomados...

Actualmente existem algumas estirpes de bactérias multi-resistentes para as quais estão a ser desenvolvidas novas linhagens de antibióticos, mas ainda sem resultados comprovados em humanos. Estas bactérias surgem em meios onde existem grandes concentrações de produtos antibióticos e desinfectantes e onde haja uma afluência de biodiversidade bacteriana, como por exemplo os hospitais. É frequente ouvir-se dizer que alguém foi ao hospital tratar-se de uma doença X e saiu de lá com uma pneumonia por exemplo. São as chamadas doenças nosocomiais. Estes locais são propícios a que as bactérias mais fracas sejam eliminadas restando apenas as que possuem resistências. Para quando surgirem antibióticos eficazes contra tais estirpes é necessário ter alguns cuidados para que não continuem a adquirir resistências...

A reter:

- a classe médica é uma das grandes responsáveis pela actual situação uma vez que receita antibióticos indiscriminadamente, não só por receitar antibióticos sem saber primeiro a qual a bactéria é susceptível como também, e pior ainda, receitar antibióticos em quadros virais ou fúngicos. O antibiótico SÓ é eficaz contra bactérias. Vírus e fungos são tratados com outra linhagem de fármacos que não o antibiótico. Combater uma gripe com antibiótico apenas permite que as bactérias que possamos ter adquiram resistência e permanecemos igualmente gripados pois o vírus não é afectado! Procurem ter o cuidado de se informarem sobre a vossa doença sempre que vos for receitado um antibiótico e perguntem ao vosso médico o porquê de ser receitado aquele antibiótico e não outro tratamento. (isto não é duvidar do trabalho do profissional de saúde, somente se falarem sobre a vossa doença podem indicar-lhe um outro sintoma que o poderá orientar para um tratamento completamente diferente;

- quando vos for receitado um antibiótico, tomem-no ATÉ AO FIM. Não parem se sentirem melhoras. Cada dosagem de antibiótico foi cientificamente calculada para garantir que a estirpe bacteriana é definitivamente eliminada. Sentir melhoria não significa que o organismo já esteja livre de bactérias, apenas podem não estar em número suficiente para provocar sintomas, mas estão lá! Com a paragem da toma do antibiótico estão a permitir que as poucas bactérias atordoadas que resistiram se multipliquem de novo, possibilitando que existam mutações favoráveis a que elas resistam a esse antibiótico, provocando novamente a doença mas mais resistente a esse antibiótico e na pior das hipóteses já não fará efeito.

- respeitem o horário das tomas. Por vezes, um esquecimento de 5 minutos pode parecer inofensivo. Cada toma possui um tempo previsto de circulação no organismo em que ao fim de determinado tempo, já não estará a fazer efeito algum, como se parássemos de tomar o antibiótico. Se as tomas, por exemplo, foram calculadas para serem feitas de 8 em 8 horas significa que a 1ª toma estará em circulação no organismo durante 8h30 por exemplo, para que a 2ª toma ao fim de 8h a contar da primeira, demore 30 minutos a estar em circulação garantindo que a dosagem esteja sempre nos valores estipulados. Suponhamos que nos atrasamos 5 minutos na segunda toma. Como a segunda toma demora 30 minutos a entrar em circulação, apenas entrará em circulação 8h35 minutos após a 1ª toma o que faz com que o nosso organismo esteja vulnerável por 5 minutos. A reprodução bacteriana é exponencial (quantas mais houver ainda mais se multiplicarão) e é feita num curtíssimo intervalo de tempo, o que significa que os 5 minutos em que o organismo está sem protecção poderá ser excelente para que a colónia de bactérias adquira novos reforços e, mais uma vez, possa adquirir resistência. Basta uma bactéria resistente para que ela produza um novo exército sem que o antibiótico lhe cause qualquer perturbação...

- por último, e não será certamente a última coisa que se deverá ter em conta, o antibiótico não acaba depois de ser tomado. Pouca gente tem a noção disto. O princípio activo do antibiótico vai estar em circulação, poderá perder a sua força terapêutica ao fim de algum tempo, mas vai ser expulso do organismo e continuar por mais algum tempo no ambiente! Ao defecarmos/urinarmos o antibiótico este seguirá o seu caminho até ETARes onde felizmente será tratado e removido do ecossistema, ou não passa pela ETAR e seguirá livremente até aos rios e até às costas. Esta acumulação de todos os antibióticos de todas as pessoas que o excretam vai-se tornar novamente um local, como falei mais acima no caso dos hospitais, excelente para que haja a selecção natural de espécies bacterianas multi-resistentes. Estes antibióticos vão eliminar todas as bactérias sensíveis por onde passem, é um facto, mas vão sobreviver as que possuíam resistência a eles, produzindo novos exércitos extremamente perigosos para a Saúde Pública. Um dos exemplos que vos posso dar são as fezes das aves marítimas, como as gaivotas, nos passeios do cais ou nas praias para onde os antibióticos se dirigem através dos rios. Estas fezes ricas em agentes bacterianos em contacto com esses antibióticos vão possibilitar a aquisição de resistências por parte dessas bactérias. As fezes vão secando com o tempo até se transformarem num pó ultra-fino que vai ser dispersado pelo vento. Ora este pó vai ser inalado como todos os restantes pós que nos causam alergia, com a diferença de possuir bactérias extremamente resistentes e potenciadoras de graves doenças que na pior das hipóteses serão intratáveis...

Cabe-nos a nós sermos racionais na utilização destas "armas biológicas" que poderão causar uma destruição maciça de bactérias mas que se podem virar contra nós a qualquer momento. Leiam bem as bulas (papel de instruções) dos antibióticos para saber se de facto se adequa ao tipo de enfermidade que possuem mas se o começarem a tomar não parem (com a óbvia excepção de serem alérgicos ao antibiótico salvo seja..)
Com uma utilização cuidada e sensata os antibióticos continuarão a ser uma ferramenta terapêutica eficaz, surgirão novas linhagens de antibióticos capazes de eliminar as principais ameaças multi-resistentes que existem mas depende muito da nossa parte fazer com que estas novas linhagens não sigam o exemplo das anteriores...

Saúde!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Microprodução - Um investimento de combate à crise financeira e ambiental

Actualmente, é notória a resposta da Natureza às constantes agressões ambientais por parte do Homem, como se pode ver nas recentes intempéries e catástrofes naturais registadas ao longo de todo o globo. É urgente tomar medidas para a redução do consumo de combustíveis fósseis e consequentemente emissão de gases com efeito de estufa. A preocupação é global mas ainda não é levada a sério a 100% por todas as nações, principalmente os que possuem mercados emergentes, como se pôde verificar na cimeira de Copenhaga.

A ideia é bastante simples, por que não apostarmos em energia renovável não poluente? Diariamente somos brindados com uma fonte "inesgotável" de energia que nos cai do céu e não a aproveitamos como devíamos! A energia solar.
Sabe-se que 85% de toda a energia eléctrica consumida em Portugal é importada; ironicamente Portugal é o país da União Europeia com maior taxa de exposição solar. O pensamento de que somos os piores em tudo cega-nos ao ponto de não aproveitarmos aquilo em que somos de facto melhores.  E no caso da exposição solar não corremos o risco de sermos ultrapassados por nenhum outro país da União Europeia excepto, salvo seja, se ocorrer um sismo na Europa que, à semelhança do Chile, altere o eixo de rotação da Terra.

Ao importarmos energia, como qualquer outra importação, estamos a gastar dinheiro, dinheiro este que se for investido neste tipo de produção energética obtém-se pelo menos 2 excelentes resultados a médio e longo prazo:

- é reduzida a despesa de importação uma vez que com geração energética doméstica deixa de ser necessária a importação,
- uma vez satisfeitas as exigências energéticas com base em energia renovável não poluente é reduzido o consumo de combustíveis fósseis e gases com efeito de estufa.
- o orçamento usado anualmente para importação de energia poderia dessa forma ser investido noutros sectores e, no limite, poderemos gerar riqueza ao exportar a nossa própria energia produzida em Portugal!

Este conceito não está associado apenas a grandes investidores nem é, de todo, tão irrealista quanto aparenta ser. Actualmente existe uma campanha onde cada casa pode tornar-se um microprodutor de energia, através da utilização de painéis fotovoltaicos, com uma tarifa bonificada. Resumidamente, e podem posteriormente obter mais informações neste site, toda a energia produzida será obrigatoriamente vendida à rede a um preço 5 vezes superior ao preço de aquisição. Quer isto dizer que, imaginando que cada casa produza o equivalente ao seu consumo mensal de energia, irá receber 4 vezes o valor que gastaria para contratar essa mesma energia à rede! Ou seja, se uma casa consome (suponhamos) 500kW de energia e que por cada kW contratado paga €0,10 à rede teria que pagar à rede €50. Supondo que essa mesma casa tivesse um painel fotovoltaico que produzisse os mesmos 500kW vendendo-os à rede por um preço de €0,50 por kW, contratando IGUALMENTE os 500kW à rede, gastaria os €50 do consumo mas obteria €250 pela venda da energia produzida, o que se traduziria num encaixe de €200/mês! Este pequeno lucro mensal irá amortizar  progressivamente o investimento feito pela instalação do sistema fotovoltaico e tem 100% de retorno, em média, entre 5 a 8 anos, uma vez que estes sistemas rondam os 20 a 35mil euros.

Por outras palavras, todos temos um encargo mensal ou bimensal com a factura da luz; em vez de colocarmos este dinheiro em saco roto, pagamos duma só vez 5 anos de luz, colocamo-lo no telhado de nossa casa e nunca mais teremos que pagar luz novamente. Com a benesse de que ao fim de 5 anos, esses 20 a 35mil euros estarão novamente no nosso bolso e ainda iremos facturar com a produção de energia a partir desses mesmos 5 anos!

Ora se demoramos 5 anos a retornar um investimento de 20 mil euros, posso ir mais longe... A dívida externa portuguesa ascende aos 17mil euros por cada português! Se cada português tiver um painel fotovoltaico, em 5 anos pagamos o painel, em 10 anos Portugal não tem dívida externa, em 50 anos os nossos netos terão um ambiente muito menos poluído e Portugal será um mercado emergente... :) (claro que seria necessário que a Europa nos desse a mesma tarifa bonificada de venda de 5 para 1 mas no pior dos cenários reduzimos a nossa despesa de consumo de energia para 0 e ainda vendemos qualquer coisita...)

Fica a sugestão !

Apresentação

Olá a todos! O meu nome é Filipe Oliveira, tenho 25 anos e sou Técnico de Análises Clínicas. Carrego carinhosamente o apelido Espinha desde o longínquo 5º ano de escolaridade e, uma vez que tal me assenta como uma luva, nunca fiz questão de desapontar quem fez a questão de me tornar autêntico com tal alcunha.


Desde cedo tive predisposição para a área da Saúde, de novito que lia bastante sobre as doenças e achava piada aos termos difíceis que apareciam nesses livros e procurava saber o que significavam. Quando fosse grande queria ser médico claro está. Mas logo aí o pequeno rectângulo começou a criar o primeiro grande obstáculo no meu processo de socialização secundária, ser médico é um pequeno privilégio apenas para quem consegue ter a modesta média de 18,8 valores.


Entretanto, a par do gosto pela Saúde, tive o meu primeiro computador. Adquirido para fazer trabalhos da escola, utilizado maioritariamente para jogar... lá tinha a segurança de ir mexendo nele e fazer as asneiras à vontade, pois apesar de não ter curso algum de informática, quem mo instalou garantiu-me a segurança de que, caso eu fizesse alguma asneira, ele estaria disponível para o arranjar de novo. Com essa segurança dei asas a uma das minhas melhores qualidades: a aprendizagem auto-didacta!


O meu primeiro clique,
o meu primeiro texto,
o meu primeiro documento,
a minha primeira instalação de software... a minha primeira avaria!

"Bolas... e se eu tentar por isto como estava? Pior não deve ficar mas se ficar pior o Luís vem cá e ajeita-me isto... BOA! Consegui!" a minha primeira reparação...

a minha primeira parametrização,
a minha primeira percepção que "epah o que eu preciso mesmo é de um gravador de cds para gravar os trabalhos da escola. Oh Luis, comprei uma drive de CDs não me podes vir cá montar?
- Não me dá muito jeito, para a semana eu vejo-te isso.
- isto também não deve ser muito difícil... deixa cá ver o livrinho..." a minha primeira instalação de hardware!

a minha primeira limpeza do pó interior,

a minha primeira curiosidade sobre para que servia aquele botãozinho da voltagem da fonte de alimentação...

a minha primeira explosão informática....

esta avaria não era nada difícil de detectar a causa... fonte de alimentação nova! vou instala-la sozinho, se precisar de ajuda peço ao Luis...

a minha segunda reparação...

a minha primeira rede doméstica...

hoje em dia o Luis é contabilista e é ele que me pede ajuda quando tem um problema informático mais complexo... Como diz um ditado chinês: "Se alguém te pedir peixe, não lhe dês peixe, ensina-o a pescar!"

Já no final do ensino secundário com a média bastante longe do pretendido 18,5 (desde essa altura que tenho um problema grave de ser sub-avaliado na escola, o que sei não se reflecte nos exames que faço) acabei por baixar um pouco a fasquia e tentar fisioterapia... Fisioterapia, Biologia, Eng. Química em última opção... Desisti de engenharia logo ao fim do 1º semestre... Melhoria no 12º ano... nova candidatura, Fisioterapia, análises clínicas (não tenho média para isto mas a média do curso é alta deve ser bom curso...) Radiologia, Cardiopneumologia... "Olha... a média de Análises Clínicas baixou imenso fui o último colocado com os meus 15,5!)
Acabei por entrar no, segundo a regente, curso dos indecisos onde quem não sabe bem o que quer acaba por lá chegar mas que acaba por sair ao final do 1º ano; quem permanece fica com um conhecimento bastante abrangente que lhe concede uma vasta polivalência! Com um percurso académico atribulado, tenho formação superior num curso que na minha infância nada me dizia, tinha medo de ir tirar sangue aliás, mas que o segui por ser "da área da Saúde" onde o emprego é garantido... Que grande mentira! Segundo grande obstáculo deste rectangulozinho, os técnicos de diagnóstico e terapêutica, no qual se insere o grupo dos técnicos de análises clínicas (ou BioAnalistas segundo as novas designações) não possuem nenhuma Ordem (à semelhança dos nossos colegas Enfermeiros, Médicos e Farmacêuticos) e somos considerados técnicos de segunda, apesar de possuirmos 4 anos de licenciatura, equiparados a técnicos profissionais de 12º ano. Há os Médicos, os Técnicos Superiores (Farmacêuticos, Biólogos) e os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica... Ironicamente espelhando o que me aconteceu à porta da faculdade no momento de candidatura em que ou era Médico ou baixava a fasquia para ser um profissional de saúde de segunda... "Estudassem mais para serem farmacêuticos" dizem alguns "Técnicos Superiores". Com sorte no meu ano a média de entrada registou valores anormalmente baixos, noutros anos a média de Análises Clínicas chegou a superar a barreira dos 18 valores...

a minha primeira ligação à internet...

e abriram-se-me as portas ao universo da informação... são várias as minhas áreas de interesse neste momento, que vão desde a Gestão industrial à Economia, passando pelo Empreendedorismo e Oportunidades de Negócio; com a mesma satisfação que outrora tive a aprender informática, mas com a certeza que agora o meu processo de aprendizagem auto-didacta é bem mais maduro e que tenho muita atenção aos possíveis "interruptores de voltagem" que me possam surgir...

É gritante a falta de sentido crítico desta sociedade que se contenta e se deixa contaminar com frases feitas, publicidade enganosa em massa e com o que vê apenas na comunicação social. Não existe a preocupação, salvo as excepções claro, em adquirir informação através de todos os meios existentes e de fontes fidedignas, contentando-se com o boato e com o dito por não dito.
Entristece-me em ver que as pessoas apenas se mobilizam em situação de tragédia (que não deixa de ser louvável), ou quando já é bastante tarde (como a necessidade de existir o actual PEC), deixando que o outro faça primeiro antes de fazer também, pois se o outro fizer não pode ficar atrás...


Em jeito de conclusão, sou apenas mais um jovem com grande potencial, com a vantagem de possuir um curso polivalente (brincadeira), à semelhança de tantos outros recém-licenciados com falta de oportunidades, vitimado pela actual crise. Mas a crise que mais me preocupa não é a económica, é a crise de valores que esta sociedade teima em não querer ultrapassar.